Nas últimas semanas, acompanhamos uma boa subida das ações da Apple [NASDAQ:AAPL], voltando a fechar na casa dos US$600 — algo que não se via desde outubro de 2012; porém ainda bem distantes dos mais de US$700 que vimos em setembro daquele mesmo ano, pós-lançamento do iPhone 5.
Analisando o retrospecto de um ano vemos um aumento significativo no valor da empresa, com especialistas avaliando as ações em US$756. Mas o que leva investidores a colocarem tanta fé no futuro da companhia? Abaixo, cito alguns pontos que considero relevantes.
Gráfico, via Shutterstock.
Vendas de iPhones e iPads, e o futuro das linhas
Os atuais carros-chefe da empresa não decepcionaram nesse quesito. As duas categorias de aparelhos vendem como água e cada novo rumor aumenta a expectativa para a chegada de novas versões.
Os iPads começaram a entrar em seu ciclo natural de troca, que é de cerca de três anos. Isso pode justificar as vendas um pouco abaixo do esperado no último trimestre — ainda assim, são números expressivos!
Já o iPhone tem uma concorrência cada vez maior, tanto no hardware (com diversas empresas tentando fazer aparelhos com diferenciais que não encontramos no iPhone — câmeras de 41 megapixels, telas maiores do que 4″, etc.) quanto da parte de software (com Google e Microsoft melhorando cada vez mais o Android e o Windows Phone, respectivamente). Os rumores de que a Apple estaria testando duas novas versões de hardware (com 4,7 e 5,5 polegadas) podem se mostrar certeiros, já que pesquisas confirmam um interesse maior nesses aparelhos — superando inclusive a demanda inicial dos iPhones 5 e 5s, por exemplo.
Novos mercados
Isto pode envolver duas visões: novos países onde a Apple pode entrar e novos produtos em categorias inéditas que poderão chegar muito em breve.
No último ano, vimos a empresa se preocupar muito com as duas coisas. A Apple cresceu sua participação em países como Japão e China, abriu uma Retail Store no Brasil e na Turquia — expandindo sua rede de lojas cada vez mais em diversos países —, e contratou uma nova vice-presidente sênior para tocar esta área (que veio de uma empresa que tem algumas das melhores lojas do mundo).
Obviamente, novos produtos em novas categorias também são aguardados, inclusive com confirmação oficial da empresa — não é mais uma questão de “se”, apenas “quando”. Olhando para o número de contratações de empregados especializados na área de saúde/fitness, quem sabe podemos esperar o tão aguardado “iWatch” para este ano, ainda. Sem contar com os rumores de uma nova Apple TV, a qual poderá vir a ser apenas uma atualização do produto atual ou um novíssimo produto com direito a SDK e tudo, expandindo a receita da empresa de uma forma incrível com o seu ecossistema.
Plano de dividendos e recompra de ações
Dividendos por si só já são um dos principais motivos para um investidor escolher ou não adquirir ações de uma determinada empresa. Consequentemente, qualquer aviso de aumento nos planos de remuneração de acionistas podem aumentar o valor das ações quase que de forma instantânea.
Adivinhe só! A Apple vem anunciando aumentos nos dividendos ao menos nos últimos três trimestres fiscais, e isso deixa qualquer investidor feliz. Mas o ponto-chave está no plano de recompra de ações.
Trazer ações para dentro da empresa só faz sentido se a diretoria acredita que o seu valor está subavaliado e que algo virá para confirmar essa avaliação. A Apple fez isso recentemente quando as ações estavam perto de US$350 e, alguns meses após a recompra, elas atingiram a casa dos US$500. Com o anúncio do último trimestre de que a Maçã está separando ainda mais dinheiro para recompras de ações, os analistas estão confiantes de que esse movimento irá se repetir.
Divisão de ações (split)
Para explicar resumidamente, uma split nada mais é do que uma divisão de ações na proporção de um para algum número que a empresa considere justo. A Apple escolheu 1:7 (ou seja, uma ação se transformará em sete). Não é a primeira vez que a Apple faz esse procedimento, porém nas outras duas a proporção escolhida foi 1:2.
Aparentemente, uma split não influencia em nada o que um investidor tem, mas ajuda em alguns aspectos. Primeiro, com uma ação da Apple valendo aproximadamente US$83, em vez dos atuais cerca de US$585, é muito mais fácil vender para pequenos investidores. Na atual situação, apenas grandes investidores conseguem investir, o que não é bom para a liquidez da empresa.
Mas não é só isso: de alguma forma, a Apple também está se protegendo. Splits são realizadas quando a empresa teme que as ações estejam super-avaliadas. Numa proporção de 1:7, então, é preocupante. A Apple adotou duas medidas opositoras: a recompra de ações e a split, para se prevenir do que possa vir a acontecer. Sabemos que analistas são como caixinhas de surpresas. Ela pode anunciar um produto revolucionário, mas isso não garante uma boa recepção de Wall Street (alguém lembra do iPad, um descrito por muitos como “um mero iPod touch gigante”?). Essa má recepção poderia fazer as ações caírem, o que já estará protegido pela recompra; no cenário contrário, os analistas podem achar o produto a oitava maravilha do mundo e super-avaliar as ações. Nesse caso, a split já terá dado conta do recado. ;-)
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Como podemos ver, diversas ações adotadas pela Apple na era pós-Steve Jobs fizeram com que a companhia seguisse numa crescente. Muitas pessoas duvidavam do sucesso da Maçã sem o seu cofundador, mas Tim Cook e outros executivos mostraram que a empresa tem o DNA do ex-CEO em seu cerne, não dependendo mais de uma única pessoa para sobreviver.
Isso é a principal razão de eu acreditar num futuro promissor para a Apple. Um dos responsáveis diretos por essas estratégias de crescimento (Peter Oppenheimer, CFO da empresa) se aposentará. Mas tenho a plena convicção que o seu sucessor, Luca Maestri, terá toda a capacidade de continuar o bom trabalho.
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